terça-feira, 31 de agosto de 2010

UJT se inscreve no Revelando os Brasis

História enviada pelo Diretor de Cultura da UJT Lohan Lage para o projeto Revelando os Brasis.

Fantasmas de uma história

A estrada secundária dificulta a subida do carro, que transportava, além do motorista, dois jovens dispostos a investigar a história daquela cidade que já fora sede do município de Trajano de Moraes e, nos dias de hoje, está quase completamente abandonada: São Francisco de Paula.
            Amanda e Samuel são dois jovens jornalistas. Vindos do Rio de Janeiro, os dois realizam matérias aprofundadas a respeito das origens das cidades da região serrana do Rio.
            A dificuldade dos dois já começa na ida: o carro atola na metade da estrada, recentemente prejudicada por uma forte chuva, levando os três subirem a pé até São Francisco de Paula.
            Ao chegarem, reparam no silêncio fantasmagórico que paira naquele belo lugar, o qual propicia vislumbres únicos. A partir daí, envolvem-se nos mistérios que ali habitam juntos das poucas pessoas que vivem naquele lugar.
            São apresentados à Matriz, quase bicentenária, que atualmente está entregue aos excrementos de corujas e morcegos; à escola fechada, e a um cemitério bem cuidado, de onde sairão “causos” e histórias verídicas muito bem contadas pelo coveiro, o homem que mais trabalha no lugarejo. Além de presenciarem o enorme descaso com a história daquela cidade, e se indignarem profundamente com tal ausência administrativa digna, a dupla descobre a existência da Irmandade do local. Criada desde a fundação de São Francisco de Paula, a Irmandade tem como objetivo zelar e preservar os patrimônios físicos e culturais daquela cidade. No entanto, muitos anos se passaram, e hoje, a Irmandade nada mais é do que um grupo constituído por pessoas escolhidas a dedo, que nada fazem pela conservação daquele local...
Enquanto são apresentados as relíquias e o explícito abandono daquele lugar aos dois jornalistas, flashes do passado são introduzidos, em paralelo com a cena. Lembranças em preto e branco do auge que São Francisco de Paula já alcançara, contrastando com o vazio que percorre suas terras nos dias hodiernos; um vazio de vida, de reconhecimento. Um lugar que já abrigou pessoas ilustres do nosso país, cinco jornais, fábricas; que deu origem a dois municípios do Estado do Rio de Janeiro, e ostentou prestígio no cenário nacional; e que hoje fenece a cada dia que passa, tendo pessoas ali deixadas ao léu, em condições precárias de vida, quase todas ainda analfabetas. Não há mais professor, não há médico ou enfermeiro, não há um armazém sequer, não há recursos básicos. Diante dessa irregularidade absurda, Amanda e Samuel decidem buscar meios de salvação para São Francisco de Paula, pondo em xeque as ações ambíguas da Irmandade para com aquele local.
Ao estarem deixando o lugarejo, Amanda e Samuel assistem a um aceno singelo de uma criança que ali habitava, e se emocionam com aquilo, chegando à conclusão definitiva de que o destino daquela criança dependia da intervenção de pessoas como eles: jovens, de atitudes interessadas, de luta incansável pelo fim do desprezo ao ser humano e à parte da história do nosso país.
            Além de explorar as riquezas histórico-culturais de São Francisco de Paula, a trama tem por base um teor de denúncia, protagonizada pelos jornalistas Amanda e Samuel, os quais representam a o resgate de uma história que merece ser contada.
            São Francisco de Paula está morrendo. Alguém se prontifica ajudar a salvá-la?
            Obs: com exceção dos protagonistas, a história atual da cidade é, lamentavelmente, verídica.

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